Não é ilusão: atividade física protege até contra o avanço do câncer
Panaceias
foram tratamentos tão populares no passado que chegaram até o século
XXI. O nome deriva da deusa grega que teria remédio para curar todas as
doenças e prolongar indefinidamente a vida humana. Muitos alquimistas se
dedicaram a descobrir uma panaceia, que além destas características,
levasse a descoberta da miraculosa pedra filosofal, dotada de poder de
transformar qualquer metal em ouro.
Na Idade Média, diversas
panaceias foram empregadas para tratar de febres das mais variadas
origens, tumores, reumatismo, convulsões e muitos outros problemas de
saúde.
Nos dias de hoje, no meio do lixo da internet são
apregoados tratamentos inacreditáveis: pílulas do câncer, água sanitária
para curar autismo e outros males, água oxigenada para tratar câncer e
inúmeros chás e infusões que asseguram devolver a saúde a todas as
pessoas enfermas.
Quando os menos incautos perguntam por que razão
os médicos não receitam remédios tão maravilhosos, os charlatães que os
prescrevem apelam para a teoria da conspiração: são baratos e, portanto
lesivos aos interesses dos médicos mancomunados com a indústria
farmacêutica, para promover a venda de produtos caros.
Mens sana in Corpore sano
__________
Juvenal, Poeta Romano
No
entanto, leitor, na medicina moderna existe uma medida que remete às
antigas panaceias: a atividade física. Ela protege contra ataques
cardíacos, derrames cerebrais, obstruções arteriais, diabetes, doenças
respiratórias, câncer em diversos órgãos, problemas articulares,
transtornos psiquiátricos, perda de massa muscular, osteoporose, reduz o
risco de quedas acidentais e fraturas ósseas na velhice, além de
preservar por mais tempo as funções cognitivas.
Acabo de assistir a
uma palestra no Congresso Americano de Oncologia sobre o papel da
atividade física na redução da velocidade de progressão dos tumores
malignos, na resposta ao tratamento quimioterápico e na tolerância aos
efeitos indesejáveis provocados por ele.
O mecanismo envolvido é
complexo, mas começa a ser elucidado. Por exemplo, está demonstrado que o
exercício aumenta a oferta de oxigênio ao coração e aos músculos,
altera o metabolismo da glicose e promove a formação de novos vasos
sanguíneos. Estas alterações melhoram a circulação, aumentam a oferta de
oxigênio e facilitam a penetração dos quimioterápicos e da radioterapia
nas células situadas no interior da massa tumoral.
Ao
lado destas alterações, a atividade física interfere na resposta
imunológica. Durante ou logo após o exercício, aumenta na circulação o
número de linfócitos e de células NK (Natural Killers – envolvidas na
imunidade natural), fenômeno sugestivo de intensificação da atividade
imunológica.
Como nem todos os exercícios são iguais, os estudos
procuram definir o mecanismo de ação das formas aeróbias e anaeróbias,
bem como as implicações terapêuticas, da intensidade, duração,
frequência e do timing entre a realização da atividade física e a
administração do tratamento quimioterápico ou radioterápico.
Está mais do que na hora de você, prezado leitor, deixar a preguiça de lado.
Por
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