No mundo do desporto é bem reconhecida a importância e a influência dos polimorfismos genéticos nas adaptações ao exercício.
Com efeito, estima-se que cerca de 50% das adaptações ao exercício são influenciadas pela genética1
e especula-se que as “genéticas favoráveis”, que provavelmente incluem
uma combinação de numerosos polimorfismos, facilitem as adaptações
ótimas ao exercício.
Como exemplo, um estudo verificou
que, em indivíduos previamente sedentários, após 20 semanas de treino
de endurance, alguns indivíduos praticamente não obtiveram ganhos ao
nível do VO2max, enquanto que outros obtiveram um aumento de 100%.
E ao nível da hipertrofia muscular?
Num estudo que envolveu 585 indivíduos de ambos os sexos e com diferentes idades, verificou-se que, ao final de 12 semanas de treino resistido progressivo, o aumento de área de sessão transversal do bíceps braquial variou de -2 a +59% (-0.4 to +13.6 cm).
Ou
seja, enquanto alguns voluntários obtiveram poucos ou nenhuns ganhos de
massa muscular, outros ganharam mais de 10 cm e duplicaram a sua força
(1RM).
Noutro estudo, no qual participaram homens
jovens com experiência de treino, o aumento individualizado da área de
seção transversal dos quadríceps variou de 2,8 a 13,7%, e os
investigadores concluíram que: “Os fatores individuais intrínsecos são
determinantes chave das respostas de hipertrofia muscular em homens
jovens treinados…
Para além disso, Van Etten e
colegas verificaram que, após 12 semanas de treino resistido, os
voluntários que foram previamente classificados como sendo “robustos”
apresentaram aumentos significativos de massa magra (+1.6 kg), enquanto
que aqueles classificados com sendo “magros” praticamente não obtiveram
ganhos.
Temos ainda outros trabalhos que registaram
grandes variabilidades em termos de hipertrofia induzida pelo exercício
resistido: desde -1,8 até +9,2 kg de massa corporal magra,6 e de -11 até +30% de aumento da circunferência muscular, independentemente da idade ou do sexo.
Porque razão alguns obtêm grandes ganhos de massa muscular e outros não?
Este é um tema que ainda está a ser estudado, mas parece haver algum consenso relativamente a alguns aspetos que podem ajudar a responder a essa questão.8Células-satélite
A maioria da evidência sugere que o exercício resistido aumentar o número de células satélite, tanto de forma aguda como crónica.8Sabe-se ainda que adição de mionúcleos mediada por células-satélite ocorre de forma constante durante longos períodos de exercício resistido e que, aqueles que obtêm maior hipertrofia muscular, poderão experimentar este fenómeno a um nível mais elevado comparativamente àqueles que obtêm menos ganhos, devido a aumentos robustos do número de células satélite e do potencial de fusão de mionúcleos.8
MicroRNAs e IGF-1
Os microRNAs (miRs) são pequenas moléculas de RNA não codificante que inibem a transdução de mRNAs com determinadas sequências.
Existe
evidência que sugere o exercício resistido poderá promover uma
expressão diferencial de vários tipos de miRNAs entre os indivíduos que
obtêm maior e menor hipertrofia muscular.
É possível
que, nos indivíduos com maior facilidade em ganhar massa muscular, o
exercício resistido promova um aumento da expressão do miR-1, que tem
como alvo o mRNA do IGF-1. Por sua vez, isso poderia aumentar os níveis
de IGF-1, potenciando assim a sinalização anabólica.
De
facto, um estudo apenas detetou aumentos dos níveis de mRNA do IGF-1,
após um treino, naqueles indivíduos que ganharam massa muscular com
maior facilidade.
Biogénese de ribossomas
A
biogénese de ribosomas envolve a formação de novos ribossomas através
de um aumento da atividade de transcrição nucleolar. Os ribossomas são
as máquinas macromoleculares responsáveis pela transcrição de mRNA,
proveniente do núcleo, em proteínas.
Vários estudos
demonstraram que, durante períodos de exercício resistido, o grau de
biogénese de ribossomas associa-se ao grau de hipertrofia muscular e que
o aumento do teor de ribossomas ocorre em paralelo com um aumento das
taxas basais de síntese de proteína muscular.
De facto, foram observados níveis mais elevados de ribossomas nos indivíduos que ganham mais massa muscular.
E no que respeita ao tipo de fibra muscular?
Uma vez que as fibras musculares do tipo II geralmente são maiores do que as do tipo I (∼5,000 mm2 vs ∼4000 mm2),
pensava-se que os indivíduos com uma maior proporção inicial de fibras
de tipo II poderiam obter um nível mais expressivo de hipertrofia
muscular.
No entanto, e de acordo com um artigo de
revisão recente, o treino resistido parece proporcionar um aumento
similar da área de sessão transversal das fibras do tipo I e II, e o
“potencial de crescimento” destes dois tipos de fibras parece ser
similar.
Para além disso, vários estudos demonstraram
que os padrões de distribuição de fibras tipo I/II não diferem entre
aqueles que obtêm menores e os que obtêm maiores ganhos de massa
muscular.
Fonte: Musculação.Net
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