Com a vida atribulada que muitos de nós
temos, muitas vezes acabamos ficando alguns dias sem treinar, pelos
mais diversos motivos, entre os mais comuns nessa época: férias e
feriados prolongados. Veja quantos dias você pode ficar sem treinar, sem
que o seu progresso seja afetado.
Você
precisa treinar! Jamais mate um treino na academia! Isso é o que dizem a
maioria dos fanáticos ou “celebridades” do mundo da musculação.
Porém,
sabemos que na vida real não é bem assim, que muitas vezes ficamos
doentes, temos compromissos e que nem sempre conseguimos treinar como
deveríamos.
Isso não é questão de ser ou não dedicado, pois você pode deixar de treinar alguns dias, sem que os resultados sejam afetados.
Como muitas pessoas tem esta dúvida sobre quantos dias podem ficar sem treinar, sem que o progresso seja afetado, vou tentar responder esta pergunta.
Inicialmente,
quero deixar claro que você não encontrará um número exato, uma quantia
de dias, pois esta é uma resposta muito pessoal e se eu lhe falasse
algo neste sentido, estaria passando por cima do princípio da
individualidade biológica.
Portanto, vou lhe apresentar algumas considerações, alguns estudos e um pouco de minha experiência, para que eu possa te ajudar nestas questões.
Vídeo: Pausa nos treinos nas festas de final de ano, vale a pena?
Antes disso, veja esse vídeo complementar a esse artigo, no qual eu
falo sobre dar uma pausa nos treinos em época de ferias e festas de
final de ano. Já vai ajudar muito a tirar bastante dúvidas sobre esse
tema:
Quanto tempo sem treino afeta o progresso?
Nós
precisamos saber que nosso corpo não consegue manter um treino na mais
alta intensidade por um longo período de tempo, mesmo que muitos “gurus”
(que provavelmente nunca leram sobre periodização) afirmem que somente assim teremos resultados.
É muito importante ter a consciência do que de fato é a intensidade do treino e o que é volume para definir isto. Qualquer
treino bem periodizado, tem ciclos de mais e menos intensidade, para
que os resultados apareçam de maneira eficiente, levando em conta a
segurança.
Desta
forma, um treino bem planejado, tem momentos de descanso, de redução de
volume e intensidade, para que possa ocorrer a supercompensação.
Chamamos isso de Taper dentro do treinamento desportivo. Portanto, nem todas os dias sem treinar serão prejudiciais para seu treino e seu progresso.
A condição de cada um também é fundamental para determinar o tempo sem treinar que não vai afetar diretamente no progresso.
Por
exemplo, uma pessoa que é iniciante, que treina há menos de 6 meses,
irá perder sua condição muito mais rapidamente do que alguém que treina
há muitos anos. Além
disso, questões como lesões, alterações posturais, atrofias e outras,
influenciam diretamente sobre a influencia do tempo sem treinar.
Quanto mais bem treinada a pessoa for, mais tempo será necessário para que ocorra a influencia no progresso do treinamento.
Estudos sobre a influencia dos dias sem treinar sobre o desempenho
Como
este é um tema que desperta interesse não apenas de pessoas que
praticam exercícios para fins de recreação ou de estética, mas também
para atletas de alto nível.
Neste
sentido, ocorrem muitas pesquisas, mas geralmente focadas no perfil de
atletas e não de pessoas comuns. Por isso, vou lhe apresentar um estudo
que mostra um pouco desta realidade para pessoas “comuns”.
Um grupo de cientistas brasileiros publicaram no Asian Journal of Sports Medicine,
uma experiência com 90 estudantes, todos do sexo masculino, que eram
principiantes e nunca haviam realizado treinamento com pesos antes.
Durante a experiência, com duração de 11 semanas, os investigadores
solicitaram que os estudantes treinassem duas vezes por semana, com
exercícios específicos ( leg press, mesa flexora, supino com barra, puxada na polia alta e abdominais).
Os
estudantes realizaram todos os exercícios com um peso que fizesse com
que realizassem entre 8 a 12 repetições, com descanso de 90 a 120
segundos entre as séries.
Para
a melhor condução do estudo, nem todos os estudantes realizaram todas
as sessões de treinamento que foram solicitadas, sendo que dos 90, 21
dos estudantes foram classificados como sendo de “baixa frequência”.
Este grupo, em média, faltava a 20% dos seus treinos.
O grupo classificado como “frequência intermédia” foi ligeiramente mais
dedicado, sendo que faltavam a apenas 15% das suas sessões de treino.
Já o grupo de “frequência elevada” faltava apenas a 5% das sessões de
treino.
Resultados do estudo
Este estudo teve alguns resultados bastante interessantes, que merecem uma análise, que vamos separar por itens:
– Força das pernas:
Os
investigadores descobriram que todos os grupos estudados tiveram as
mesmas quantidades de desenvolvimento de força nos seus músculos das
pernas, em termos percentuais.
– Força no supino reto:
Neste
caso, o grupo de frequência baixa, que faltava a 20% dos treinos, teve
um desenvolvimento significativamente menor do que os outros dois
grupos, tomando como base o teste de 1 RM em termos percentuais.
Desta
maneira, o que os investigadores concluíram foi que durante a
prescrição de exercícios para este público, é recomendado o
estabelecimento de um mínimo de 80% de frequência aos treinamentos
pré-estabelecidos, para que hajam ganhos de força significativos.
Um mesmo estudo de Chelfy (2008) avaliou que atletas bem treinados, não tiveram queda de rendimento, após ficarem 1 semana sem treinar, sendo que depois deste período, houve um decréscimo de performance.
Esses
estudos mostraram que a queda de rendimento e Vo2 máximo são os
primeiros a serem notados após um período de interrupção nos treinos,
que pode variar conforme cada em indivíduo e fica em torno de 7 á 14
dias.
Perdas de massa muscular, quantos dias sem treinar?
Quanto
a parte estética nos ganhos hipertrofia, também vai depender no nível
de treinamento da pessoa, tempo e intensidade entre as principais
questões.
Mas á partir de 10 dias sem treinos já podem ser observados perda de 15% de força muscular que havia conquistado e perda de até 66% da massa muscular que já havia conquistado. Claro que ao retornar aos treinos o quanto antes, a recuperação nos ganhos será mais rápido graças a memória muscular.
Existem muitos outros estudos, focados nos mais variados públicos e métodos. O
que fica claro é que de acordo com o nível de treinamento de cada
pessoa, mais tempo ela vai demorar para ter perda de rendimento e
consequentemente de progresso.
Da
mesma forma, estas mesmas pessoas, ao retornarem ao seu treino, tem
mais facilidade para voltar ao nível de treinamento anterior.
Conclusão
Portanto,
o tempo que você pode ficar sem treinar e que não haverá decréscimo em
seu desempenho e em seu progresso, varia muito de acordo com seu
condicionamento.
Uma dica que eu dou é de que se você vai ficar um período de até uma semana,
sem conseguir treinar, aumente a intensidade de seu treino nos dias que
antecedem sua parada, para que este período sem treinamento, seja usado para a supercompensação.
Outro fator importante é a alimentação, que precisa ser muito bem
cuidada, mesmo que você não esteja treinando, assim como a grande parte
da suplementação.
Outra situação bastante interessante de se fazer é realizar treinos de manutenção, caso seu problema seja tempo.
Treine somente com exercícios multiarticulares (compostos), de maneira intensa e rápida, para que não haja decréscimo por falta de treinamento.
Eles podem ser curtos, com duração de 20 a 30 minutos e vão fazer com que você mantenha sua condição.
No
mais, busque sempre evitar perder treinos, mas caso isso seja
inevitável, faça um treino inteligente, afim de compensar e até de
evitar perdas devido a sua ausência.
Além disso, ao montar seu planejamento de treino (periodização) é
importante ter alguns períodos reservados para eventualidades e doenças,
deixando determinadas datas para baixos volumes de treinamento. No
mais, respeite sempre sua individualidade biológica e bons treinos!
Por: Sandro Lenzi
Fonte: Treino Mestre
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